Relic - 2020 - 5★
- Prezada 7ª Arte
- 9 de fev. de 2021
- 4 min de leitura
Este filme é mais um dos erradamente intitulados como horror/terror, quando na verdade não nos causa qualquer sentimento ou emoção desse tipo em toda a sua duração. O mais próximo de estar de um filme de terror, duma forma muito forçada, são as cenas em que "Edna" surge num plano de fundo, típico dum mais que mastigado filme de pseudo terror, onde cumulativamente são introduzidos aqueles sons também típicos deste tipo de cenas. Ou então nas cenas em que a mesma causa ferimentos a si própria.
É um género de filme que se adequa mais a uma discrição de drama e mistério, uma vez que tentamos durante todo o filme perceber quando se vai passar alguma ação, ou quando nos iremos perceber realmente qual é o sentido de toda aquela história, sendo que existem inclusivamente momentos em que lutamos para perceber realmente o sentido de determinadas cenas, e a vontade e interesse por continuar a assistir a pelicula fica cada mais próxima de nada.
Apesar de no que concerne a efeitos sonoros e de realização não ficar aquém dos seus pares, a nível de conteúdo e história deixa muito a desejar, e cai no vasto leque de histórias mais que "batidas" do mundo do cinema. É um daqueles trabalhos em que lendo a sinopse e vendo a capa, conseguimos perceber perfeitamente o que nos espera na próxima hora e meia.
Apesar de toda a deceção que este filme me causou, devo realçar que se porventura esta ideia tivesse sido cingida a uma curta metragem, penso que a minha crítica teria sido totalmente diferente.
A história consiste numa família composta por três gerações, sendo que mãe (Kay) e filha (Sam) vivem separadas da avó (Edna), contudo com a evolução do tempo e da idade da avó, cujo marido já tinha falecido, surgem os problemas mentais inerentes dessas condições. A demência e o alzheimer começam a ter consequências que impedem que a família continue a viver em separado, pelo que quando a família passa a viver junta, durante a adaptação os problemas agravam-se e tudo passa a ser muito bem representado pela realizadora, através de metáforas.
É neste momento que o filme ganha significado, especialmente para as pessoas que estão a passar, ou já passaram por uma situação de alguma forma semelhante. A forma como "Kay" e "Sam" veem a sua amada mãe/avó "Edna", como que a transformar-se numa pessoa que não conhecem, entre monólogos sem sentido, autoflagelação e momentos de lucidez, é muito bem transposto nas cenas do filme.
De realçar ainda que a forma como acaba o filme, vale sem dúvida alguma, toda a espera que o filme nos causa. A forma como a família de 3 gerações se deita na cama, é uma cena cheia de significado e de uma beleza incrível. A ordem pela qual as personagens se deitam na cama, representando as idades e respetiva geração de cada personagem, a forma como estão todas voltadas para o mesmo lado, representando a dualidade em que confiam em quem têm nas costas, assim como quem está nas suas costas têm como função cuidar de quem está à sua frente, e ainda a forma como "Kay" vai retirando a última camada de sua mãe, mostrando que se encontra em paz com a situação e que ajuda sua mãe "Edna" a alcançar a paz também.
Por último, pode-se dizer que o filme fecha com chave de ouro quando "Sam" vê nas sua mãe "Kay", ainda que subtilmente, os mesmos indícios que sua avó "Edna" apresentava.

Dados sobre o filme:
Realizado por: Natalie Erika James
Escrito por: Natalie Erika James e Christian White
Duração: 1h 29min
Género: Drama e Mistério
Elenco Principal:
Robyn Nevin - Edna - 7★
É sem dúvida alguma a estrela do filme, e interpreta muito bem a sua personagem não deixando qualquer margem para dúvida se seria a pessoa indicada para o papel. Extremamente convincente em todas as suas cenas e com a capacidade de criar empatia com o espectador. Contudo não atribuo classificação superior porque o próprio papel, e a história em si, não permite enorme demonstração de qualidade nem exige imensa flexibilidade interpretativa.

Como melhor cena da sua interpretação, escolho sem sombra de dúvida o momento em que se encontra na floresta a tentar enterrar um album de fotos, penso ser um dos momentos que é estabelecida a maior ponte de compaixão com a personagem. De salientar também, que para além da interpretação, também me agradou imenso o plano captado pelo operador de câmara.

Emily Mortimer - Kay - 5★
Uma interpretação fraca e que deixa muito a desejar, talvez por não variar quase nada as suas expressões durante todo o filme, talvez destinada por certas falas quase que sem sentido, ou então mesmo pelo seu papel um pouco desinteressante durante todo o filme. A verdade é que também faz parecer que seria muito difícil fazer melhor com aquela personagem.

A melhor cena da sua interpretação é claramente uma das cenas finais, em que após regressar a casa, impedida de abandonar a sua mãe pela sua consciência, Kay começa a cuidar de sua mãe até aos seus últimos momentos. Estas cenas vão culminar com a já referida cena na qual as três personagens estão deitadas na cama.

Bella Heathcote - Sam - 6★
Uma personagem bastante simples sem grandes oportunidades para brilhar, num papel de neta que não quer abandonar a avó de quem tanto gosta, mas que se sente um pouco confusa no meio de toda a situação. Cumpre com o que a personagem lhe pede, sem mostrar grandes impedimentos para que o seu papel não pudesse ser cumprido por outra atriz.

O momento mais alto da sua atuação é atribuído à cena em que descobre na sua mãe, os indícios iniciais da doença da sua avó. Preferi esta cena a todas as outras em que anda perdida pela casa, pois apesar de serem igualmente emotivas, penso que esta tem uma conotação mais intensa.

P.S.: Não consegui decifrar o verdadeiro significado da janela, se tens alguma ideia/palpite deixa nos comentários ou contacta-me.
Juntos pela Prezada 7ª Arte
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